Sapateiro artesão
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- 19 de abr. de 2023
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Profissões esquecidas: As horas incansáveis de trabalho
17 de fevereiro de 2022
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
Sou feliz porque tenho Jesus’
Proprietário da sapataria “Sou feliz porque tenho Jesus”, considerada uma das mais famosas de Manaus, Jonassis de Lima, de 55 anos, trabalha há 26 anos no mesmo ponto, na Avenida Constantinopla, no conjunto Campos Elísios, no bairro Planalto, na zona Centro-Oeste. À REVISTA CENARIUM, ele fala ser artesão de calçados e sapateiro, pois atua com o processo de criação e reformulação de sapatos, sandálias, tamancos, botas, tênis e chinelos.
“Eu trabalhava com construção civil, porém chegou um tempo que eu fiz uma viagem, me afastei da cidade e quando voltei, já não tinha mais espaço na área, porque as pessoas tinham outros profissionais e eu não era contratado. Então, meu irmão me convenceu a abrir uma sapataria e eu fiz, mesmo sem conhecer nada, somente pedindo ensinamento a Deus. O Senhor me ensinou e hoje sou reconhecido como um dos melhores sapateiros do Amazonas e esperamos continuar”, conta Jonassis.
A profissão na família de Jonassis também é seguida pelos filhos Glidson, Wemesson e Jonassis Nascimento de Lima, este último tem o mesmo nome do pai. Junto a eles, o artesão de calçados mora no bairro Cidade Nova, na zona Norte de Manaus, e faz um percurso diário de pouco mais de uma hora para chegar ao quiosque onde trabalham.
Assim como Seu Raimundo, Jonassis tirou do trabalho diário com a sapataria o sustento da família e conseguiu dar uma criação digna aos filhos. Para ele, o caminho da humildade e do ensinamento da palavra de Deus foram e são fundamentais para o crescimento de seus herdeiros. Sem isso, afirma, nada pode ser construído.
Só tenho a agradecer a Jesus por essa oportunidade que Ele nos deu para ganhar o sustento. Mesmo a gente podendo ter outros meios para ganhar, foi esse que Jesus nos deu e estamos honrando isso, fazendo o nosso melhor para poder sermos abençoados e os clientes saírem satisfeitos”, salientou Jonassis.
Rotina
A rotina da família Lima começa pouco depois das 6h. Por conta da distância de casa para o trabalho, Jonassis e os filhos precisam sair cedo de casa para não chegar muito tarde à sapataria. Quando chega ao quiosque, por volta das 8h30, o artesão de calçados conta que a primeira coisa que faz é fazer uma oração para agradecer pelo dia e pedir livramento. Ele acredita que, por conta de sua religião e da crença em Jesus, nunca sofreu com assalto ao seu estabelecimento por isso.
O trabalho de colagem de calçados. (Ricardo Oliveira/ Cenarium)
O quiosque funciona de terça a sexta-feira, nos horários de 8h30 até as 17h. Aos sábados, o horário muda para 8h30 até 13h. Para não ficar no prejuízo, a sapataria trabalha com o formato de serviço onde o cliente precisa pagar 50% de entrada e a outra porcentagem quando o produto for entregue. Essa forma de cobrança é comum entre trabalhadores que atuam como autônomos.
Atualmente, quem toma conta da sapataria são os filhos, mas Jonassis segue trabalhando com eles. No estabelecimento, os anos e anos sentado fizeram o sapateiro fazer a escolha de exercer seu expediente somente em pé. Ao todo, são quase dez horas ininterruptas levantado, descansando apenas poucos minutos para o almoço.
“Conforme vai chegando a idade, a pessoa vai ficando sentada e a coluna doendo. Aqui em pé eu não sinto dor nenhuma. Passo o dia todo em pé. Até na hora do almoço eu como em pé”, contou, exibindo as panturrilhas, em tom de brincadeira.
Recompensados
À CENARIUM, Jonassis lembra que, por muitos anos, andou de ônibus e que, a partir dos esforços da família com a sapataria, eles foram recompensados com a compra de um carro. A casa onde eles vivem também foi construída com o dinheiro dos calçados. Quando questionado se ele acredita que os jovens estão perdendo o gosto pela profissão, o artesão foi enfático: “estão perdendo o gosto pelo trabalho”.
“Não querem trabalhar. Não é porque perderam o gosto pela profissão, é porque eles preferem usar drogas do que trabalhar. Uns preferem ser chamados de maconheiro do que de sapateiro. Eles dizem que sapateiro é uma profissão humilhante, que não é boa. Mas quanto aos antigos, ninguém tem preconceito. Acho que os pais devem ensinar aos filhos o caminho para vencer, porque o caminho para vencer é o caminho da liberdade, sinceridade e do amor. A família que não tem amor, não tem Deus. E a família que não tem Deus, as drogas entram”, desabafou.
“Eu trabalhava com construção civil, porém chegou um tempo que eu fiz uma viagem, me afastei da cidade e quando voltei, já não tinha mais espaço na área, porque as pessoas tinham outros profissionais e eu não era contratado. Então, meu irmão me convenceu a abrir uma sapataria e eu fiz, mesmo sem conhecer nada, somente pedindo ensinamento a Deus. O Senhor me ensinou e hoje sou reconhecido como um dos melhores sapateiros do Amazonas e esperamos continuar”, conta Jonassis.
Jonassis, ao centro, ao lado dos filhos Wemesson (à esq) e Glidson Nascimento de Lima. (Ricardo Oliveira/ Cenarium)
A profissão na família de Jonassis também é seguida pelos filhos Glidson, Wemesson e Jonassis Nascimento de Lima, este último tem o mesmo nome do pai. Junto a eles, o artesão de calçados mora no bairro Cidade Nova, na zona Norte de Manaus, e faz um percurso diário de pouco mais de uma hora para chegar ao quiosque onde trabalham.
Assim como Seu Raimundo, Jonassis tirou do trabalho diário com a sapataria o sustento da família e conseguiu dar uma criação digna aos filhos. Para ele, o caminho da humildade e do ensinamento da palavra de Deus foram e são fundamentais para o crescimento de seus herdeiros. Sem isso, afirma, nada pode ser construído.
O quiosque de Jonassis (Ricardo Oliveira/Cenarium)
“Só tenho a agradecer a Jesus por essa oportunidade que Ele nos deu para ganhar o sustento. Mesmo a gente podendo ter outros meios para ganhar, foi esse que Jesus nos deu e estamos honrando isso, fazendo o nosso melhor para poder sermos abençoados e os clientes saírem satisfeitos”, salientou Jonassis.
Rotina
A rotina da família Lima começa pouco depois das 6h. Por conta da distância de casa para o trabalho, Jonassis e os filhos precisam sair cedo de casa para não chegar muito tarde à sapataria. Quando chega ao quiosque, por volta das 8h30, o artesão de calçados conta que a primeira coisa que faz é fazer uma oração para agradecer pelo dia e pedir livramento. Ele acredita que, por conta de sua religião e da crença em Jesus, nunca sofreu com assalto ao seu estabelecimento por isso.
O trabalho de colagem de calçados. (Ricardo Oliveira/ Cenarium)
O quiosque funciona de terça a sexta-feira, nos horários de 8h30 até as 17h. Aos sábados, o horário muda para 8h30 até 13h. Para não ficar no prejuízo, a sapataria trabalha com o formato de serviço onde o cliente precisa pagar 50% de entrada e a outra porcentagem quando o produto for entregue. Essa forma de cobrança é comum entre trabalhadores que atuam como autônomos.
Jonassis Nascimento de Lima, de 32 anos, é o filho mais velho de Jonassis. (Arquivo Pessoal/ Reprodução)
Atualmente, quem toma conta da sapataria são os filhos, mas Jonassis segue trabalhando com eles. No estabelecimento, os anos e anos sentado fizeram o sapateiro fazer a escolha de exercer seu expediente somente em pé. Ao todo, são quase dez horas ininterruptas levantado, descansando apenas poucos minutos para o almoço.
“Conforme vai chegando a idade, a pessoa vai ficando sentada e a coluna doendo. Aqui em pé eu não sinto dor nenhuma. Passo o dia todo em pé. Até na hora do almoço eu como em pé”, contou, exibindo as panturrilhas, em tom de brincadeira.
Recompensados
À CENARIUM, Jonassis lembra que, por muitos anos, andou de ônibus e que, a partir dos esforços da família com a sapataria, eles foram recompensados com a compra de um carro. A casa onde eles vivem também foi construída com o dinheiro dos calçados. Quando questionado se ele acredita que os jovens estão perdendo o gosto pela profissão, o artesão foi enfático: “estão perdendo o gosto pelo trabalho”.
“Não querem trabalhar. Não é porque perderam o gosto pela profissão, é porque eles preferem usar drogas do que trabalhar. Uns preferem ser chamados de maconheiro do que de sapateiro. Eles dizem que sapateiro é uma profissão humilhante, que não é boa. Mas quanto aos antigos, ninguém tem preconceito. Acho que os pais devem ensinar aos filhos o caminho para vencer, porque o caminho para vencer é o caminho da liberdade, sinceridade e do amor. A família que não tem amor, não tem Deus. E a família que não tem Deus, as drogas entram”, desabafou.
O trabalho de sapateiro também é visto como um artesanato na arte de calçados. (Ricardo Oliveira/ Cenarium)
Para os filhos de Jonassis, por outro lado, o gosto pelo trabalho começou ainda na adolescência e partiu da própria vontade dos rapazes. Glidson de Lima conta que, quando criança, observava o pai trabalhando e ia aprendendo sobre o serviço diário dele. Somente aos 18 anos, lembra, Glidson começou a exercer frequentemente a profissão de sapateiro.
“Fui olhando e aprendendo. Conforme ele ia deixando eu praticar, costumar, fui aprendendo. Aos 18 anos, passei a vir diariamente trabalhar e estou até hoje. Enxergo a sapataria como uma boa profissão. Basta a pessoa trabalhar direitinho, honestamente, sem enganar o cliente e falar a verdade. Assim, nem o cliente tem prejuízo, nem a gente”, descreveu Glidson.
Orgulhoso, o rapaz fala do homem batalhador que é o pai. “É um homem batalhador, de raça. Não procura desistir e nem procura reclamar das coisas. Com ele, trabalhamos todos os dias. Às vezes, mais de dez horas. É um trabalho cansativo, mas digno”, declarou.
Trabalho informal
O trabalho informal no Brasil é uma das alternativas de brasileiros que, na maioria dos casos, acabam não encontrando oportunidade no mercado de trabalho. De acordo com dados de dezembro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País tem 12,9 milhões de pessoas desocupadas. Já a taxa de informalidade foi de 40,7% da população ocupada, ou seja, 38,2 milhões de trabalhadores sem carteira assinada.
Na comparação com o trimestre encerrado em outubro de 2020, quando eram 14,6 milhões de desocupados, o número de pessoas desocupadas caiu 11,3%, menos 1,7 milhão de pessoas. Segundo o IBGE, a redução do desemprego foi causado pela expansão da contratação nos setores de Comércio, Indústria e Serviços.
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